Indústria 4.0

A Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial, promove a fusão entre o mundo físico e o digital, e traz enormes desafios às empresas brasileiras.

Na fábrica da Siemens em Amberg, na Alemanha, produtos e máquinas se comunicam, como se controlassem sua própria produção. A unidade conseguiu, no mesmo espaço e com a mesma mão de obra, ampliar sua capacidade de produção em oito vezes nos últimos 20 anos. E isso só foi possível graças à indústria 4.0, que une o mundo físico, o digital e o biológico por meio de tecnologias como big data, cloud computing, integração horizontal e vertical de sistemas de gestão, inteligência artificial, internet das coisas, impressão 3D e realidade aumentada, entre outras. 

Os benefícios de integrar todos esses recursos vão muito além dos ganhos de produtividade, e se estendem à agilidade no lançamento de produtos, flexibilização das linhas de produção e muito mais eficiência energética. Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a estimativa anual de redução de custos industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito 4.0 será de, no mínimo, R$ 73 bilhões ao ano.

A Quarta Revolução Industrial

Na chamada quarta revolução industrial, são cinco as principais tecnologias que promovem a fusão dos mundos físico, digital e biológico:

Indústria 4.0 - Impressora 3D

Manufatura Aditiva ou Impressão 3D

tecnologia onde um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material. Como não usa moldes, permite produzir formas que não seriam viáveis em outros métodos de produção.

Indústria 4.0 - AI

Inteligência Artificial (AI)

a Inteligência Artificial é um segmento da computação que busca simular a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões e resolver problemas, dotando softwares e robôs de uma capacidade de automatizar processos.

Indústria 4.0 - IoT

IoT

a Internet das Coisas permite que objetos físicos sejam conectados à internet e executem determinadas ações, como os carros autônomos que se comunicam entre si no trânsito, por exemplo.

Biologia Sintética

é a junção de inovações tecnológicas nas áreas de química, biologia, ciência da computação e engenharia, e que permite construir novas partes biológicas como enzimas, células e circuitos genéticos.

CPS

os Sistemas Ciber-Físicos sintetizam a fusão entre o mundo físico e o digital. O conceito faz com que objetos físicos e processos sejam digitalizados, criando um “irmão gêmeo digital” para todos os objetos e processos na fábrica.

E no Brasil?

No Brasil, temos um longo caminho a percorrer, já que a indústria brasileira vem perdendo espaço no cenário global.

 Até 2014, o Brasil figurava entre os dez maiores produtores industriais, mas hoje estamos na 16ª colocação, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Estamos em 71º lugar no último ranking global de competitividade, com 141 países, e na 62ª posição entre 131 nações analisadas no índice global de inovação. Precisamos dar um grande salto em práticas modernas de gestão, novas tecnologias, qualificação de mão de obra e inovação. A indústria representa, hoje, menos de 10% do PIB. 

Uma das principais características da indústria 4.0 é a incorporação da digitalização à atividade industrial, integrando tecnologias físicas e virtuais, como as já citadas acima. E um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostrou que o país têm pouca relevância em áreas-chave como IA, Big Data e IoT. Das cerca de 700 mil indústrias existentes no país, apenas 1,6% já aderiram à Indústria 4.0, ao passo que em países como Alemanha, Israel e Estados Unidos o índice é de 15%. Além dos gargalos na infraestrutura do setor industrial, o estudo aponta como causas para o atraso a falta de profissionais qualificados para lidar com as novas tecnologias.

O Brasil tem Potencial!

Pelo menos é o que diz o relatório “Readiness for the Future of Production Report 2018”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. Países como Brasil, Índia, México, Indonésia e Rússia são considerados nações com uma forte base produtiva, mas que correm risco futuro, devido a fragilidades no seu sistema de produção, principalmente se não conseguirem promover as transformações necessárias a tempo.

Segundo o estudo, a Alemanha foi um dos primeiros países a intensificar a digitalização e a interconexão de produtos, cadeias de valor e modelos de negócios para impulsionar a fabricação digital. O Fórum cita 25 nações que lideram a quarta revolução industrial, a maioria concentradas na Europa, América do Norte e Leste Asiático que, juntos, respondem por mais de 75% do valor agregado de produção global. 

O que esses países têm em comum, além de serem economias fortes e desenvolvidas, é que promoveram incentivos governamentais, formação de grupos de discussão, interação entre o setor público, privado, universidades e institutos de pesquisa, muita troca de conhecimento e projetos conjuntos. “Precisamos de um grande esforço da chamada ‘hélice tripla’, formada por indústrias, governo, universidades e institutos de pesquisa. Hoje, somos exportadores de commodities de baixo valor agregado, precisamos evoluir para uma indústria de alto valor agregado. Se houver uma política industrial bem definida, isso é possível”, defende o gerente de inovação e tecnologia do SENAI-SP, Osvaldo Maia. 

Saiba mais sobre a recuperação da indústria: https://qualityway.com.br/recuperacao-inovacao-e-competitividade-da-industria-nacional/

Para Adryelle Pedrosa, gerente da Unidade de Transformação Digital da ABDI, o mundo está passando por um processo de transição, e a corrida em direção à indústria 4.0 está em curso. “Para o Brasil, isso é uma oportunidade, pois ao assimilar novas tecnologias, incorporar equipamentos e sistemas de última geração e adequar a infraestrutura para integração digital podemos reduzir nossas disparidades técnico-econômicas e avançar no processo de modernização.” Ela acrescenta que a ABDI elaborou um “Guia de Boas Práticas Digitais”, que reúne um conjunto de recomendações para auxiliar as empresas na transformação digital (acesse aqui: https://bit.ly/2YI9ox2).

Como se preparar para a Indústria 4.0?

Fazer a indústria 4.0 funcionar requer mudanças nas práticas e estruturas organizacionais, como novas arquiteturas de TI e gestão de dados, novas abordagens de compliance e uma cultura orientada para o digital, enxergando a análise de dados como um recurso-chave da empresa. A maior dificuldade apontada em um estudo da PwC sobre a indústria 4.0 é a falta de pessoas com os conhecimentos necessários para fazer análises. Os processos da indústria 4.0 fornecem montanhas de dados, mas tudo será em vão se o gestor não conseguir entender esses dados ou se não os usar para aumentar a eficiência e desenvolver os produtos e serviços que seus clientes desejam.

O primeiro passo é fazer um mapeamento das atividades, verificando quais delas podem ser automatizadas, quais necessitam ser modernizadas e o que tem impactado na eficiência dos processos. Pode-se começar capacitando os funcionários, melhorando a gestão de dados e automatizando as tarefas operacionais. 

Segundo Osvaldo Maia, no Brasil há empresas em diferentes graus de maturidade tecnológica, mas a maioria tem uma lição de casa a fazer antes, que é investir na manufatura enxuta, layout, fluxo de funcionários e gestão de recursos para eliminar desperdícios de energia. “São pequenas melhorias que já podem elevar a produtividade em 20% ou mais, e deixam a empresa preparada para iniciar um processo de digitalização. Depois, pode-se começar com a instalação de sensores, coletores de dados, uma pequena nuvem. O que não dá é para pular etapas.” 

Saiba mais sobre as tecnologias disponíveis para transformação digital: https://qualityway.com.br/transformacao-digital-tecnologias-disponiveis/

Tecnologias e Fornecedores

Para implementar tudo isso, é preciso contar com fornecedores competentes e confiáveis. O primeiro passo é definir um responsável por essa estratégia dentro da empresa, fazer um diagnóstico e eleger uma parte do processo para um piloto. Segundo Osvaldo, o gargalo hoje é a mão de obra. Há muitas empresas e profissionais no mercado que fazem isso, mas é preciso pesquisar e contratar alguém de confiança.
Além disso, não basta contratar um engenheiro para modernizar a sua linha de produção. Os especialistas afirmam que a mudança começa com a elaboração do planejamento estratégico, financeiro e operacional para os próximos 5, 10 ou 20 anos, e um plano de ação para chegar lá.

Passo a passo para a transformação para a indústria 4.0, segundo a PwC:

  1. Desenhe uma estratégia realista. Avalie sua maturidade digital, projete onde você precisa chegar e defina metas claras para reduzir o gap.
  2. Comece com projetos piloto. Nem todo projeto terá êxito, mas todos vão ajudá-lo a aprender sobre o que funciona. Faça parcerias com startups, universidades ou organizações setoriais.
  3. Defina os recursos necessários. Com base nas lições aprendidas nos pilotos, calcule os recursos necessários para atingir seus objetivos e desenvolva um plano para adquirir essas habilidades.
  4. Torne-se um virtuose na análise de dados. Desenvolva modos de combinar dados de diferentes partes do negócio e aplique-os ao maior número possível de áreas, particularmente às que diferenciam a empresa ou atraem clientes.
  5. Torne-se uma empresa digital. Todos os seus colaboradores terão de pensar e agir como nativos adeptos da tecnologia, dispostos a experimentar e a se reinventar rápido e continuamente.
  6. Adote uma perspectiva de ecossistema. Desenvolva uma solução completa de produtos e serviços para seus clientes. Use parcerias ou alinhe-se com as plataformas existentes se você não pode desenvolver uma oferta abrangente própria.

Comece já!

A quarta revolução industrial é inevitável, irreversível e vai afetar todos os setores da economia, cadeias produtivas e modelos de negócio, cedo ou tarde. Por isso, o planejamento é tão importante, pois aqueles que se prepararem com antecedência e saírem na frente terão uma vantagem enorme em relação aos que esperarem a mudança chegar

Não espere que alguém apresente um modelo pronto e acabado de transformação para a indústria 4.0, pois ele não existe e terá de ser construído. O processo começa por saber aonde ir, planejar como chegar lá e o que é preciso fazer nessa trajetória.

Indústria 4.0 - A evolução Industrial

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