A Construção Civil se abre para a Transformação Digital!
Um dos setores que mais cresce no Brasil tem ainda muito o que fazer em termos do uso da tecnologia para resolver problemas, dos mais simples aos mais complexos.
“Segundo pesquisas da McKinsey & Company e de especialistas em produtividade de capital, a construção civil investiu pouco em tecnologia ou digitalização nos últimos anos. Isso é apontado como o principal motivo para o mercado brasileiro continuar operando da mesma maneira que atuava nos anos 1940”, afirma Sonia Keiko, vice-presidente de Novos Negócios e Head de Inovação da Engemon.
Isso impacta diretamente na produtividade do setor. Kevin Nobels, partner da McKinsey Brasil, disse durante o Workshop Revista M&T 2019 que a produtividade na construção civil brasileira cresceu só 1% nos últimos 20 anos, atrás de países como Zâmbia e da nossa vizinha Argentina. Por produtividade, espera-se construir mais em menor tempo, com custos previsíveis, qualidade e sustentabilidade.
Nossas empresas ainda caminham a passos lentos quando o assunto é inovação e transformação digital. Elas carecem de boas práticas e investimentos para incorporar a cultura digital em seus processos. Isso significa que passou da hora de acertar os passos nesse sentido, e olhar o copo meio cheio, ou seja, com otimismo. As oportunidades são muitas e animadoras.
Há muito a fazer, numa indústria que consegue se manter em alta em meio a uma pandemia e a um cenário de incertezas. Segundo dados do IBGE, divulgados em junho, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do 1º trimestre de 2021 cresceu 1,2% comparado com o 4º trimestre de 2020.
No segmento da indústria, os setores que tiveram melhores resultados foram as indústrias extrativas (3,2%) e da construção civil (2,1%). A projeção é que o setor da construção civil feche 2021 com crescimento de 4%.
A tecnologia para virar o jogo
Quando se trata de adoção de tecnologias, a indústria da construção brasileira fica para trás das suas contrapartes estrangeiras, especialmente em big data, inteligência artificial e modelagem 3D.
Mas há um movimento das companhias brasileiras do setor em direção aos padrões internacionais de construção. É o que aponta o relatório “Digital Transformation: The Future of Connected Construction”, da empresa internacional de pesquisas de mercado IDC, de março de 2020, que analisa os desafios da indústria da construção mundial.
Segundo o relatório, a transformação digital (DX) é uma prioridade para 72% das empresas de construção em todo o mundo, para direcionar mudanças necessárias aos seus processos, modelos de negócios e ecossistemas.
É por meio do DX que as empresas de construção podem garantir a excelência operacional e o engajamento do cliente de forma eficaz, gerenciamento de riscos, conclusão de projetos dentro do prazo e dentro do orçamento, melhorando a segurança da força de trabalho.
No entanto, 58% dessas empresas ainda estão nos estágios iniciais 1 e 2, numa escala que vai até 5 – de sua DX. E só 13% das empresas estão a caminho de ter sucesso em suas jornadas de DX.
“O desafio de implementar a transformação digital se torna ainda maior quando olhamos para dentro das empresas, pois, assim como a dificuldade de formar novos profissionais com essas habilidades, também há uma grande resistência dos mais experientes em aderir às novas tecnologias, seja pela aceitação da ferramenta ou mesmo pela falta de conhecimento para operá-las”, afirma Sonia Keiko, vice-presidente de Novos Negócios e Head de Inovação da Engemon.
“Essa desconfiança é reforçada pelo fato de que quatro em cada dez companhias não possuem uma área focada em transformação digital ou não realizam ações para preparar seus profissionais para esta mudança de mercado”, complementa a executiva.
Por onde começar a transformação digital
A transformação digital está mais relacionada com a cultura corporativa, do que com a tecnologia em si. Ter as ferramentas não garante às empresas a transformação digital, porque as ferramentas podem estar paradas ou mal utilizadas. É preciso que as empresas invistam na criação de uma cultura digital.
“Quando falamos de transformação digital, nos referimos a uma transformação nos modelos operacionais e no modelo de gestão das empresas”, afirma Julio Coelho, Diretor Geral da Quality Way. “Devemos entender como a transformação digital se alinha à realidade de mercado das empresas, ao momento estratégico, ao nível de amadurecimento que ela tem e sobretudo à sua cultura. Toda e qualquer transformação que vem de fora e não respeita essas características tende a ser um fracasso”, reforça o executivo.
Mais do que utilizar ferramentas disponíveis no mercado, as empresas precisam deixar que a cultura digital entre e faça parte dos seus processos e do seu dia a dia. Falar de transformação digital é muito mais do que ir numa prateleira na internet e adquirir uma série de ferramentas, que estão cada vez mais disponíveis, em volume maior e a preço cada vez mais acessível. Isso não é transformação digital. Isso é plugar ferramentas digitais dentro da rotina, processos e operação das empresas. É um bom começo, mas não pode ser só isso.
Julio afirma que, para a transformação digital fazer parte da cultura corporativa, é preciso entender quais são os processos críticos para o negócio da organização, como esses processos operam e como eles podem ser melhorados à luz das novas tecnologias que estão disponíveis. E aí as melhores ferramentas são selecionadas.
A disponibilidade de profissionais qualificados
Na indústria da construção no Brasil, estão em uso recursos como simulações em 3D, drones e alguns softwares de gerenciamento presentes nas construções, mas a carência está na qualificação profissional, com pouca ou quase nenhuma experiência com essas tecnologias. Ainda existem aqueles que apenas conhecem os métodos mais tradicionais e analógicos.
“Com mais aplicações tecnológicas como ferramentas de monitoramento e gerenciamento de recursos, impressão e simulações 3D, soluções de big data e automação, as empresas e projetos alcançarão ganhos significativos em produtividade e irão incentivar mudanças nas grades curriculares das instituições de ensino, reforçando a necessidade de qualificação que o mercado necessita”, diz Sonia Keiko.
A vice-presidente de Novos Negócios e Head de Inovação da Engemon ressalta ainda que há outro pilar importante, que é a criação de uma área especializada em transformação digital dentro da estrutura corporativa, com uma equipe dedicada, para avaliar pontos de melhoria e avanço, bem como a aplicação de novas tecnologias e até a preparação de profissionais para essas novas ferramentas.
Processos digitais disponíveis para a construção civil
Na construção civil, há exemplos de inteligência artificial sendo utilizada para pesquisar novos terrenos para serem adquiridos e gerarem novos empreendimentos. Processo moroso e complexo. A busca de terreno exige análise de documentação e uma série de requisitos legais, interface com os órgãos reguladores, e leva-se muito tempo para encontrar um terreno e analisar se é viável construir um empreendimento nele.
A inteligência artificial, que tem ajudado a encurtar esse processo de busca de terrenos para construção, também tem colaborado na etapa de repasse, que é quando a incorporadora transfere a dívida do cliente para o banco. “É um momento delicado da operação, porque ao longo da construção, muita coisa pode ter acontecido com o cliente, a ponto de ele não poder pagar. Então existem ferramentas que monitoram isso para que as coisas aconteçam no seu devido tempo e não gerem impacto na construção”, explica Julio.
As ferramentas digitais também proporcionam uma experiência diferente para o cliente. “Uma coisa é o cliente ser atendido por uma Central Telefônica, outra coisa é ele ver em um portal ou aplicativo as diferentes informações sobre a obra, e ser encantado por aquele ambiente digital”, ressalta Julio.
As ferramentas digitais também podem conectar o cliente, desde o lançamento do empreendimento, quando ele foi lá, visitou e decidiu comprar, até o longo período de construção – e isso leva pelo menos 2 anos, e o cliente quer saber como a obra está evoluindo -, até o pós-venda.
BPMS, RPA, BI e Big Data
Num primeiro momento é preciso analisar quais processos analógicos podem ser substituídos pelo processo digital. O BPM (Business Process Management) é uma ferramenta importante para desenhar os processos digitais e possibilitar plugar outras tecnologias, como o RPA (Robotic Process Automation), por exemplo, e com uma característica importante: ela permite integrar todos esses processos com o ERP (Enterprise Resource Planning, ou sistema de gestão integrado).
O RPA é a robotização de atividades que são manuais, repetitivas e volumosas, que são feitas por um ser humano sem nenhum uso da capacidade analítica.
Há ainda a BI (Business Intelligence), que por meio de um deshboard apresenta dados em tempo real, cria métricas e indicadores, garantindo a manutenção das entregas rotineiras da área nos prazos e níveis de qualidade estabelecidos. É uma forma inteligente de olhar os resultados que agilizam a gestão.
Com a massa de dados construída com o BI, a big data ajuda a consolidar o processo e prever o que será produzido. São técnicas muito modernas que proporcionam um grande resultado para as empresas. “O que estamos propondo é uma experiência digital completa, que vai desde a busca da construtora pelo terreno, às etapas de incorporação, venda, construção, entrega e pós-venda”, afirma Julio.
Os benefícios da transformação digital para a construção civil
“A transformação digital na construção civil trará benefícios em diversas frentes, como a mitigação de erros, otimização de tempo de processos e redução de gastos. E, para extrair o melhor de cada recurso, é preciso que todos profissionais estejam preparados para o futuro. Quando os investimentos na transformação forem prioridade para as empresas desse segmento, poderemos mudar os modelos de negócios, os ecossistemas e os profissionais automaticamente irão se adaptar e evoluir”, diz Sonia Keiko.
A transformação digital coloca as empresas em outro patamar competitivo. Não só o processo e as rotinas ficam mais ágeis, como os controles também ficam mais eficientes. Há ganhos na agilização das sequências, flexibilização das etapas e possibilidade de alteração do processo.
“Isso é importantíssimo, num mundo cujos processos têm que mudar o tempo inteiro para atender novas demandas. Em termos de controle e de gestão, as empresas ganham muito mais agilidade e velocidade. E se elas têm mais controle, farão a correção tempestiva, e isso muda o patamar da gestão”, ressalta Julio.
Por fim, vale lembrar que processos implicam rotinas, tecnologia de sistemas e pessoas. E não se pode minimizar a importância das pessoas. Elas são parte integrante dos processos, e nessa transformação elas precisam ser envolvidas adequadamente, sem que precisem ter medo de mudanças e do que essas novas tecnologias podem representar no trabalho delas.
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